domingo, 10 de abril de 2011

Receita para curar poemas presos - Viviane Mosé

"A maioria das doenças que as pessoas têm

São poemas presos.

Abscessos, tumores, nódulos, pedras são palavras

calcificadas,

Poemas sem vazão.

Mesmo cravos pretos, espinhas, cabelo encravado.

Prisão de ventre poderia um dia ter sido poema.

Mas não.

Pessoas às vezes adoecem da razão

De gostar de palavra presa.

Palavra boa é palavra líquida

Escorrendo em estado de lágrima

Lágrima é dor derretida.

Dor endurecida é tumor.

Lágrima é alegria derretida.

Alegria endurecida é tumor.

Lágrima é raiva derretida.

Raiva endurecida é tumor.

Lágrima é pessoa derretida.

Pessoa endurecida é tumor.

Tempo endurecido é tumor.

Tempo derretido é poema

Você pode arrancar poemas com pinças,

Buchas vegetais, óleos medicinais.

Com as pontas dos dedos, com as unhas.

Você pode arrancar poemas com banhos

De imersão, com o pente, com uma agulha.

Com pomada basilicão.

Alicate de cutículas.

Com massagens e hidratação.

Mas não use bisturi quase nunca.

Em caso de poemas difíceis use a dança.

A dança é uma forma de amolecer os poemas,

Endurecidos do corpo.

Uma forma de soltá-los,

Das dobras dos dedos dos pés, das vértebras.

Dos punhos, das axilas, do quadril.

São os poema cóccix, os poemas virilha.

Os poema olho, os poema peito.

Os poema sexo, os poema cílio.

Atualmente ando gostando de pensamento chão.

Pensamento chão é poema que nasce do pé.

É poema de pé no chão.

Poema de pé no chão é poema de gente normal,

Gente simples,

Gente de espírito santo.

Eu venho do espírito santo

Eu sou do espírito santo

Trago a Vitória do espírito santo

Santo é um espírito capaz de operar milagres

Sobre si mesmo."

terça-feira, 5 de abril de 2011

Whatever happens


He gives another smile, tries to understand her side
To show that he cares
She can't stay in the room
She's consumed with everything that's been goin' on
She says

Whatever happens, don't let go of my hand
Everything will be alright, he assures her
But she doesn't hear a word that he says

Preoccupied, she's afraid
Afraid that what they're doing is not right
He doesn't know what to say, so he prays
Whatever, whatever, whatever

Whatever happens, don't let go of my hand
Don't let go of my hand
Whatever happens, don't let go of my hand
Don't let go of my hand

He's working day and night, thinks he'll make her happy
Forgetting all the dreams that he had
He doesn't realize it's not the end of the world
It doesn't have to be that bad
She tries to explain, "It's you that makes me happy,"
Whatever, whatever, whatever

(Michael Jackson)

terça-feira, 29 de março de 2011

E a gente descobre no dia-a-dia
que o Amor é mais prosa que poesia.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Insisto.


“Como menina-teimosa que sou, ainda insisto em desentortar os caminhos. Em construir castelos sem pensar nos ventos. Em buscar verdades enquanto elas tentam fugir de mim. A manter meu buquê de sorrisos no rosto, sem perder a vontade de antes. Porque aprendi com a Dona Chica, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica. Dá sempre pra tirar um coelho da cartola. E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos. Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o vôo. Eu sei que vou. Insisto na caminhada. O que não dá é pra ficar parado. Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim. O destino da felicidade, me foi traçado no berço. Disse um certo pai Ogum.”

Caio Fernando Abreu

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Odoiá!


"Poderosa força das águas.
Inaê, Janaína, Sereia do Mar.
Saravá minha Mãe Iemanjá!
Leva para as profundezas do teu mar sagrado.
Odoiá... Todas as minhas desventuras e infortúnios.
Traz do teu mar todas as forças espirituais para alento de nossas necessidades.
Paz, esperança, Odofiabá...
Saravá, minha Mãe Iemanjá!
Odofiabá..."

domingo, 19 de dezembro de 2010

Dos caminhos escolhidos.



"A luz que me abriu os olhos
para a dor dos deserdados
e os feridos de injustiça,
não me permite fechá-los
nunca mais, enquanto viva.
Mesmo que de asco ou fadiga
me disponha a não ver mais,
ainda que o medo costure
os meus olhos, já não posso
deixar de ver: a verdade
me tocou, com sua lâmina
de amor, o centro do ser.
Não se trata de escolher
entre cegueira e traição.
Mas entre ver e fazer
de conta que nada vi
ou dizer da dor que vejo
para ajudá-la a ter fim,
já faz tempo que escolhi."

Thiago de Mello

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Do Amor,

"Não falo do amor romântico,
Aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
Relações de dependência e submissão, paixões tristes.
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo,

E pensam que o amor é alguma coisa
Que pode ser definida, explicada, entendida, julgada.

Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro,
Antes de ser experimentado.

Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.
Como fotografá-lo?
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor nos domine?
Minha resposta? o amor é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
O amor será sempre o desconhecido,
A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido, quer ser violado,
Quer ser transformado a cada instante.

A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
Decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,
E nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.

Não, não podemos subestimar o amor não podemos castrá-lo.

O amor não é orgânico.
Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha
E nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
Como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
O amor brilha. como uma aurora colorida e misteriosa,
Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
O amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio
Porque somos o alimento preferido do amor,
Se estivermos também a devorá-lo.


O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
Me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.
Ou melhor, só se vive no amor.
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto."


Moska